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O        das operadoras

 

Marcos atente o        . Ao ver que é telemarketing, prepara-se. Como saber se é telemarketing? Só não sabe quem nunca recebeu um telefonema dos operadores, aliás, operadoras. É um boaaaaa taaaaarde                     , de quem está há horas discando e conversando, repetindo, repetindo. Se existe a lesão do esforço repetitivo que nos provoca tendinites, como será a lesão da fala repetida? Pois o Marcos quando percebe que é telemarketing fica de sobreaviso. A voz pergunta:

 

– O senhor é o responsável pela        ?

– Responsável? O que é responsável?

– O senhor não sabe? Quem é o senhor?

– Pancho.

– E o que faz aí?

– Sou faxineiro.

– Não tem nenhum responsável?

– O que é responsável?

– Quem manda na          ?

– Quem manda? Olha, quem manda é a patroa. Manda na         e no patrão. É isso que quer saber?

– Está aí o patrão?

– Não.

– Quando vai voltar?

– Eu é que sei?

– E a patroa?

– Também não.

– Quando volta?

– Eu é que sei? Aqui liga tanto homem, ela atende, dali a pouco sai, toda perfumada.

– Ela saiu, então. Quando volta?

– Que chatice! Como é que vou saber? Alguém dá satisfações ao faxineiro?

            A voz do outro lado não desiste. As vozes conhecem todos os truques, todas as ecapatórias, ficam cercando o provável cliente. O único problema delas é que têm o texto decorado e se você começa a fazer perguntas, a questionar, elas se perdem, engasgam, o fio da meada escapa, precisam reiniciar. Com elas não há diálogo possível, nenhuma possibilidade de intimidade. Quando terminam o dia, como será a volta para         , o reencontro como os maridos, namorados, a família? Imagino a conversa, “O que fez hoje, meu amor?” E elas: “Telefonei”. E ele: “Para quem?”

            Dia desses me ligaram da Telefônica, disseram que ao analisar minhas contas viram que eu fazia muitos interurbanos. E me propunham um plano para barateamento das chamadas a longa distância. Ao escrever essa frase, lembrei-me dos filmes americanos antigos, da era antes do             , quando os personagens pediam à telefonista: Long Distance, please. Analisar minha conta? É permitido por lei?

            E os bancos que nos ligam e dizem: “O senhor é um cliente preferencial, portanto decidimos conceder um brinde ao senhor.” Me dão um crédito espantoso, torcendo para que eu use, fique no vermelho e pague juros. O brinde é um “produto novo”. Os bancos, agora, se apresentam como lojas, falam em “produtos” a serem vendidos. Votla e meia, quando chego na boca do guichê, o(a) funcionário(a) pede: o senhor não tem nenhum amigo que queira abrir conta em nosso banco? Preciso cumprir meta! Digo que vou mandar alguns, e eles (elas), me atendem alegremente               . Uma coisa me espanta no mundo de hoje. Números pequenos de dois algarismos fazem bancários, lojistas, pessoas que trabalham no Caixa puxar a calculadora. Dia desses num bar gastei R$ 1,50 mais R$ 1,80. A moça pegou a maquininha, eu disse, dá R$ 3,30. Ela virou-se: “Como sabe, nem fiz a conta?” Porque estudei tabuada. Você não? E ela: “O que é tabuada?” Calculou na maquininha e deu mesmo R$ 3,30, ela me disse: “Parabéns.”

            Voltando às operadoras. Meu primo-irmão César, quando atende e alguém lhe oferece um            de crédito, ele dá um grito de júbilo:

– É isso mesmo que eu estou precisando. Como adivinhou?

– Adivinhei o quê?

– Que eu preciso de um         . Qual é o benefício?

– Um crédito aberto de R$ 10 mil.

– Perfeito. Quero um para mim, um para minha mulher, três adicionais para meus filhos. Você, moça, acabou de me salvar do buraco.

– Do buraco?

– Sim. Não sabe que fui demitido? Estou desempregado há cinco meses. Meu            acabou. Devo dez mil ao banco. Agora, com o        vou ter uma sobrevida. Vamos ao cadastro?

            Do lado de lá, veio o silência. César insistia:

– Moça, moça. Meu, cadê meu           ?

            Do outro lado ele ouviu um clique, a operadora tinha desligado. Um dia, me chamaram oferecendo taxas reduzidas para chamadas.

– O que vou fazer com essa taxa?

– Ligar mais barato.

– Não tenho ninguém para ligar.

– Ninguém?

– Sou sozinho.

– Ninguém é sozinho.

– Eu sou. Não tenho parentes, amigos, conhecidos. Estou com 98 anos, minha querida.

– E para que tem        ?

– Para avisar à funerária na hora em que eu estiver morrendo. Pedindo para trazer meu caixão, deixo a porta sempre aberta.

            Do lado de lá, o silêncio. Mas juro que ouvi um risinho abafado. Operadoras não são nada bobas. E juro que de vez em quando adoram respostas como as minhas, são um lenitivo no cotidiano, uma bênção no tédio alucinante do dia a dia repetitivo. Sou um alívio, uma fuga à rotina, elas me abençoam e devem me agradecer. Podem me telefonar, sou um           do Senhor.

 

Ignácio de Loyola Brandão, in: Crônicas para ler na escola.

Retextualização: Marcos Vinícius Xavier, Kethelyn Miranda e Luana Cristina.

Ilha das Conchas

ISBN-56-6784659396375

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O último Namorado

ISBN-68-3459876038524

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Chifre Branco

ISBN-58-2459886032524

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